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Auralic Aries S1

Auralic Aries S1

Miguel Marques

15 março 2025

Um (pequeno) «enorme» transporte digital com tudo o que pode desejar.


Em funcionamento desde 2009, a marca chinesa (com uma fábrica também em Portland, Oregon) Auralic tem sido um dos nomes mais fortes no segmento de streamers/DACs e processamento digital - com produtos colocados quase sempre num segmento mais elevado (embora não propriamente High-End). Durante muitos anos admirei à distância o Auralic Sirius, um processador digital que permitia aplicar DSP ao sinal digital - sempre achei, aliás, muito insuficiente a oferta nesta área por parte das marcas de alta-fidelidade. E, se o Sirius era um produto algo caro e bastante grande (e não incluía streaming), com o novo Aries S1 a Auralic oferece, creio que pela primeira vez no mercado da alta-fidelidade, um transporte digital (leia-se: streamer sem DAC) com processamento digital (DSP) incluído, num produto pequeno e acessível. Tudo isto me deixava bastante curioso, até porque uso atenuação digital e igualização com muita frequência, e como tenho ouvido também elogios frequentes à aplicação, tinha de descobrir se o Auralic cumpria o muito que promete…

Foto 1 Auralic ARIES S1

Tecnicamente, e apesar do preço mais acessível, o Auralic é irrepreensível, executando todo o seu DSP a 64 bit o que, à excepção do uso de um computador ou de um Roon Nucleus, é, tanto quanto sei, inédito - utilizando ainda uma fonte de alimentação linear, não comutada, sendo possível adicionar alimentação extra de maior qualidade. Como streamer, o Aries S1 disponibiliza os habituais serviços: Qobuz, Tidal, Amazon Music, KKBox, High-Res Audio, assim como alguns serviços de radio (vTuner, TuneIn) - e conta ainda com os protocolos Qobuz Connect, Tidal Connect, Spotify Connect, AirPlay 2, Roon Ready, Lightning Cast (já lá vamos) e UPnP/Open Home.

É importante também referir que, para além de aplicar DSP ao sinal de streaming, o Aries S1 tem entradas digitais e é possível aplicar exactamente o mesmo DSP a estas entradas - duas ópticas, uma coaxial, uma USB para computadores e outras USB para pens ou discos externos, para além claro da necessária entrada de rede. O leitor pode portanto ligar uma televisão, ou um transporte de CD, e beneficiar de DSP antes do DAC - ao qual se pode ligar por saídas AES/EBU, óptica, coaxial e USB (galvanicamente isolada), sendo que a saída USB não estará, naturalmente, disponível quando se usarem entradas SPDIF. Mais uma vez, tecnicamente irrepreensível.

E que DSP se pode então aplicar no Aries S1?

a) Controle de volume digital - podendo usar o Aries S1 como pré-amplificador, ou apenas atenuar ligeiramente o sinal para ajudar o DAC a lidar com inter sample overs. Pessoalmente, apenas uso a segunda situação, e apesar do grande salto que os controlos de volume digitais deram (não esquecer que o Aries S1 funciona a 64 bit), ainda sinto que um pré-amplificador é essencial num sistema de alta-fidelidade… Infelizmente a escala do volume não é linear e a Auralic optou por uma escala numérica de 0 a 100, mas foi-me dito que o princípio da escala funciona com saltos de 0.5 dB, e que um volume de 94 equivalia a uma atenuação de -3 dB, o valor geralmente usado para minorar a distorção digital. O controle de volume é absolutamente transparente e nota-se o processamento a 64 bit, com perdas auditivamente nulas com o uso de pequenas atenuações.

b) Igualização paramétrica - onde é possível ter vários tipos de filtro: peak/dip, high pass, low pass, band pass e band stop. No meu caso usei sempre peak/dip, com um Q de 1 e duas bandas em volta dos 50 Hz e dos 125 Hz, com pequenos incrementos (um ou dois dB), para compensar a deficiência de graves que acompanha tantos discos de jazz. Também aqui a igualização é fantástica, a melhor que já testei digitalmente, muito transparente, sem artefactos, alterando apenas o que se lhe pede - como escrevi em cima, no uso de DSP, ganha-se muito na arquitectura de 64 bit (note-se que o uso de igualização paramétrica pode ser um pouco confusa para quem não conheça, a minha experiência no mundo da música foi-me muito útil aqui, mas nada que o Google e a persistência não resolvam). Nota ainda para a função Auto-Gain que calcula automaticamente o ajuste de redução de ganho necessário quando incrementamos a amplitude em certas frequências (não ocorrendo o processo contrário, ou seja, o Auto-Gain não adiciona ganho quando reduzimos a amplitude) - esta função é essencial para evitar distorção digital e deve estar sempre ligada, devendo o leitor adicionar no domínio analógico os dB que perdeu no domínio digital, para manter o volume inicial.

Foto 2 Auralic ARIES S1

c) Resampling - que basicamente significa alterar a reamostragem do áudio que estamos a ouvir (creio que o número de bits se mantém inalterado neste caso), técnica que tem bastantes fãs e bastantes detractores. No caso do Aries S1 não temos upsampling para DSD nem diversos filtros à escolha, mas é possível definir, para cima ou para baixo, a alteração de todas as frequências, sempre de forma integral, para evitar erros de arredondamento – 44,1 kHz, 88,2 kHz, 176,4 kHz, 352,8 kHz ou 48 kHz, 96 kHz, 192 kHz, 384 kHz (as frequências de amostragem 352,8 kHz e 384 kHz apenas estão disponíveis na saída USB). Se a alteração para baixo se fará apenas quando o DAC não tiver capacidade para ler determinados ficheiros, sendo necessário o downsampling interno neste, o uso de upsampling vai depender muito do DAC que for usado com o Aries S1 - na maior parte dos DACs mais modernos, não tenho encontrado grandes benefícios no uso desta técnica, mas alguns DACs mais antigos (ou novos a imitar os antigos), com o que usam chips Burr-Brown ou R2R, que não possuam FPGA, podem beneficiar bastante desta ferramenta.

Peguei então num DAC Pro iDSD, da iFi Audio, que geralmente funciona em modo Transient Aligned (uma primeira conversão por FPGA para 705,6 kHz ou 768 kHz) e DSD1024 (uma segunda conversão pelo mesmo processo, mas para DSD1024). Mudei então o primeiro filtro para Bit Perfect (na prática, nenhum filtro) e mantive o segundo para DSD1024 (os produtos da iFi soam-me sempre melhor em DSD, como o nome costuma sugerir), usando o Auralic para converter previamente para 352,8 kHz ou 384 kHz, como substituto do Transient Aligned - e devo dizer que gostei muito dos resultados, com maior refinamento e palco, e também mais clareza e definição, assim como graves mais presentes, com o contrabaixo em Like Someone in Love (1966, 16 bits-44,1kHz), Blue Note, edição Ron McMaster) de Art Blakey a soar substancialmente mais definido e presente (fica aqui uma pequena nota para os que ainda compram CDs: as edições da Blue Note ”digitally transfered by Ron McMaster”, dos anos 80 do século passado, costumam ser muito baratas e soam muito bem, certamente muito melhor que as inenarráveis edições RVG do início deste século). Repito, não creio que traga resultados com todos os DACs, e acredito até que com alguns DACs se traduza em alguma degradação sonora, mas é uma opção que justifica sempre experimentar, e que, em alguns casos, pode pagar significativos dividendos sonoros.

Foto 3 Auralic ARIES S1

d) Speaker Placement - ferramenta que serve essencialmente para compensar espaços em que não seja possível sentarmo-nos com um relação simétrica e equidistante em relação aos dois altifalantes, o que não é o meu caso, não tendo por isso mexido com esta função, que certamente funcionará como deve.

e) Room Correction - ferramenta que permite corrigir problemas causados pelo espaço onde ouvimos música com as suas muitas imperfeições (nunca lidei muito com esta ferramenta, mas é algo que planeio fazer um dia porque me parece fazer muito sentido para quem, como eu, só ouve música em formato digital). Inicialmente estava previsto ser o bem conhecido Dirac, mas surgiram problemas (link em baixo), e a Auralic vai desenvolver a sua própria ferramenta, que funcionará também a 64 bit e que deverá estar disponível mais para o fim do ano. Link para a discussão sobre o Dirac vir ou não a estar presente nos equipamentos da Auralic:

Dirac on Auralic?

Uma pequena nota final sobre o DSP - é possível aceder ao mesmo (ligar ou desligar, ou aceder aos menus) directamente através do now playing, o que é muito útil e algo que já desejei diversas vezes noutros produtos, tornando muito mais simples e rápido aplicar (ou não) DSP sobre o disco que ouvimos.


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