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Teste: Diptyque DP 140MkII

Teste: Diptyque DP 140MkII

Jorge Gonçalves

27 outubro 2023

A Diptyque elevou a fasquia uma vez mais e não vai ser nada fácil ultrapassá-la


Tive a oportunidade de trocar diversos emails com Gilles Douziech e a uma dada altura coloquei-lhe algumas questões, à laia de entrevista, porque achei que seria interessante para os leitores da Audio. De facto, por detrás de um grande produto há sempre um homem ou uma equipa especial e sabendo um pouco mais sobre os seus gostos e preferências fica-se com uma ideia mais completa sobre o produto em si. Eis então os resultados dessa troca de impressões:


Entrevista com Gilles Douziech

Diptyque DP140MK2_2

P – Apesar de no site da Diptyque esta questão estar mais ou menos abordada, gostaria de receber alguns comentários de sua parte sobre o motivo para terem iniciado uma nova marca de hi-fi, ainda para mais um fabricante de colunas de painel.
R – Foi uma longa aventura. Primeiro uma paixão – comecei a fazer caixas de som aos 14 anos com um amigo –, e depois estudei electrónica com o objectivo de trabalhar no campo do áudio. Depois seguiu-se, em 1999, um encontro com Eric POIX que tem a mesma paixão por alta-fidelidade e que tem muitos talentos no domínio da mecânica e da fabricação de produtos. Começámos por fazer diversos protótipos que usei em exposições de arte. E um dia encontrámos uma solução de elevado nível técnico que permitiu melhorar grandemente a qualidade das colunas planar e que patenteámos: o íman bipolar em push-pull  (PPBM). Apresentámos em 2010 o protótipo das futuras DP77 à famosa loja ADHF, em Toulouse, e a resposta foi: são fantásticas, devem ser comercializadas! Foi o início da aventura Diptyque Audio!

Diptyque DP140MK2_8

P – Levando em consideração que podem ter passado cerca de 50 anos desde o desenvolvimento dos primeiros alto-falantes magnetoestáticos comerciais, seguidos pelo aparecimento de algumas marcas famosas tais como a Magneplanar e a Apogee, sem falar daquelas que apenas produzem tweeters, porque é que tinham tanta certeza de que poderiam atingir o nível de sucesso de que estão desfrutando neste momento?
R – Conhecíamos muito bem as patentes da Magnepan e as soluções oferecidas pela Apogee, já reparámos várias colunas destas marcas para amigos. Somos entusiastas da alta-fidelidade e temos muito respeito por estas marcas históricas. Foi um verdadeiro desafio fazer melhor do que estes produtos lendários, mantendo um preço razoável. De acordo com a nossa patente, usamos ímanes bipolares fabricados especialmente segundo as nossas especificações, na frente e por detrás da membrana de médios-graves. Esta solução inovadora permite um excelente controlo das vibrações da membrana, deslocamentos significativos desta e distorções muito baixas. Deste modo torna-se possível obter graves dinâmicos a partir de uma membrana de pequenas dimensões e isso foi um grande progresso. Além disso, com os novos ímanes de neodímio, conseguimos produzir tweeters de fita com grande largura de banda que utilizamos em todos os nossos modelos. A estrutura mecânica em sanduíche das nossas colunas é igualmente determinante para uma melhoria da qualidade. Com um trabalho sustentado e demorado no tempo, imaginámos muitas soluções para o processo de fabricação (segredos da marca) que nos permitem obter a qualidade que é uma parte intrínseca dos nossos produtos.

Entrevista Gilles

Da esquerda para a direita: Gilles Douziech (engenheiro de electroacústica), Eric Poix (engenheiro mecânico), Anthony Henry (designer)

P - Até que ponto acha que é possível melhorar o desempenho das colunas Diptyque? Têm mais modelos em mente?
R – Acabamos de apresentar a nova geração Mk2 das DP140 e DP160, com um elevado nível de sucesso em todo o mundo. Optimizámos a patente PPBM com um campo magnético mais concentrado nas fitas e uma estrutura mecânica aperfeiçoada. Temos também nestes novos modelos a possibilidade de substituir facilmente tweeters e membranas e este foi um desafio muito importante para a nossa empresa que hoje já  exporta para 30 países. Com a nossa nova patente Crossed Push-Pull, presente no modelo de referência da Diptyque, inovámos mais ainda de modo a obter uma resposta a frequências muito baixas com controlo perfeito e distorção nula, o que é uma nova revolução dentro da tecnologia das colunas planares. Estamos num processo de inovação constante, temos muitas ideias, mas ainda é cedo para anunciar novos produtos.

P – Considera a possibilidade de alargar a sua gama de produtos para abranger outro tipo de equipamentos, a electrónica por exemplo?
R – Somos especialistas na fabricação de colunas do tipo planar, não de amplificação – temos várias empresas amigas na França e no mundo que fabricam amplificadores excelentes. Acreditamos que os clientes devem ser livres para escolher os amplificadores de que mais gostem. No entanto, temos pedidos de versões activas das colunas para utilizações profissionais portanto , quem sabe… um dia.

P – Qual a sua opinião relativamente ao nível de preços extremamente elevado que temos hoje em dia no mercado de áudio de alta qualidade, como 250 000 € e mais pedidos para gira-discos, amplificadores e assim por diante? No início dos anos noventa tínhamos apenas um punhado de produtos realmente caros, mas agora, cada vez que mencionamos o nome “High-End”, o que vem à mente da maioria das pessoas são preços extremamente elevados que nunca conseguirão pagar. Poderá isso pode ser prejudicial para o mercado do áudio de alta qualidade? Note que estou evitando usar a designação High-End porque me parece que o significado inicial deste termo mudou muito ao longo dos últimos anos, talvez na última década.

Diptyque DP140MK2_4

As DP 140 e DP 160 lado a lado para evidenciar as diferenças em termos de altura.

R  –  Sim, concordo consigo. Parece que na China nasce 1 milhão de milionários todos os anos! Isso vira a cabeça a muitas empresas! Acho que, de uma ponto de vista global, a indústria dos produtos de luxo enlouqueceu um pouco! No caso da Diptyque, construí com Eric uma empresa sólida, formamos a cada ano uma equipa de técnicos especializados para fabricar as nossas colunas que são 100% francesas. Imaginámos os nossos produtos para os amantes da música e queremos oferecer-lhes uma relação qualidade / preço perfeita.

P – Qual a sua opinião sobre qual pode ser a fonte ideal para audição caseira que permita obter a melhor performance das vossas colunas: vinilo, streaming, CD ou mesmo gravadores de fita, como vemos cada vez mais no High-End show de Munique? Entendo que esta é uma questão muito peculiar até porque no final a sua relevância tem mais a ver com o gosto pessoal do que com qualquer outra coisa.
R – Na nossa sala de audição têm todos os meios de audição possíveis e todos têm o seu interesse: o CD tem uma coerência e uma musicalidade sempre relevantes, o streaming dá-nos acesso a música de todo o mundo com qualidade de estúdio, mas é preciso ter cuidado porque cada elemento conta se quisermos obter o melhor desempenho: streamer, DAC, cabos, fontes de alimentação, switch e assim por diante. Finalmente o analógico: para nós o vinilo continua sendo mágico e insubstituível no que toca aos nossos discos de jazz favoritos. Mas na sua lista faltou mencionar a minha fonte favorita: um excelente sintonizador analógico! Gosto muito de rádio, foi por esse meio que fiz a minha formação: um belo concerto ao vivo na France Musique transporta-me para uma outra dimensão.



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