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Electrocompaniet ECM1 MKII

Electrocompaniet ECM1 MKII

Leonel Garcia Marques

11 fevereiro 2023

O Caminho do Norte para os Leitores de Rede /DAC: Electrocompaniet ECM1 MKII


Audição


Liguei o ECM1 MKII a um amplificador Rotel 1592 e às colunas B&W 705 S2, usando como fontes o meu servidor doméstico WDMyCloudEX4000, o Qobuz ou o leitor da Atoll SACD200, ligando-o, neste último caso, ao ECM1 MKII através da entrada S/PDIF coaxial.
A primeira constatação que quero transmitir é a de fluência incrível e facilidade de utilização. Através do Roon, passava da audição de CDs para a audição de ficheiros armazenados no meu servidor domésticos ou transmitidos pelo serviço Qobuz, muito rapidamente e sem se notar a transição. Em termos de um leitor de rede com DAC, nunca encontrei tal fluência de utilização.

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A segunda é a de que o som possui um pouco, a mesma fluência do que a utilização. É um som muito natural e verdadeiro, com detalhe suficiente e bom palco sonoro, transparente mas sóbrio, e sem colorações artificiais. É pena que o ECM1 MKII não seja compatível com ficheiros DSD de maior resolução (não lê DSD 512 e lê com dificuldade, ou seja, com interrupções, ficheiros DSD 256). Só imagino o que seria a reprodução deste nível de reprodução pelo ECM1 MKII se se mantivesse o nível de qualidade no processamento de ficheiros de menor resolução (por exemplo, de DSD 128).
Mas passemos a uma audição mais detalhada.

                                          Playlist


R. Seidel & D. Valentin-Marx –Telemann Chamber Music for Bassoon – Qobuz 96 kHz /24 bit
Tim Mead & Arcangelo (dir. J. Cohen) – Sacroprofano Vivaldi – Qobuz 96 kHz /24 bit
Scott Hamilton Quartet – Talk to me Baby – CD Blau Records
Jan Harbeck Quartet – Balanced – Qobuz 96 kHz /24 bit
Bella Hardy – Love Songs – CD Noe Recordings
Júlia Reis – Ó Nossa – CD Cafetra Records


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Começando pela clássica, comecemos por uma gravação bastante original e de muita qualidade, a música de câmara de Telemann para fagote com um contínuo de guitarra com arranjos do próprio guitarrista, Daniel Valentin-Marx. O som do fagote de Rainer Seidel é simultaneamente hipnótico, taciturno e sóbrio. E a gravação permite ouvir as teclas do fagote a serem premidas ou a respiração de Seidel. Este disco parece que foi feito de propósito para o ECM1 MKII, tal a magia, a fluência escorreita e a transparência com que reproduz este diálogo improvável entre o fagote e a guitarra. Excepcional. Na outra referência, encontramos o contratenor Tim Mead é que mais um virtuoso a surgir na última dezena de anos com cada vez mais notoriedade. A gravação de obras sacras e profanas de Vivaldi é um óptimo teste audiófilo para qualquer equipamento. O ECM1 MKII mostrou respeito pelos timbres, precisão nos tempos, controlando bem os tutti e, mais importante, deixando os agudos melífluos de Mead, fluir sem entraves ou estridências.

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No jazz, Scott Hamilton é um senhor que não sabe fazer más gravações. O som do tenor cheio de insinuações e melodia, dizendo metade e deixando-nos a adivinhar a outra metade é verdadeiramente ímpar. Aqui, o ECM1 MKII soube transmitir o intimismo lírico de Hamilton, sem esquecer o seu swing, sobriamente, com grande neutralidade e toda a musicalidade. O saxofonista tenor dinamarquês Jan Harbeck tem-se afirmado como nome seguro no panorama mundial, com um sopro sussurrante, diria mesmo uma autêntica sotto vocce, e um swing arrastado, únicos. Também aqui, excelente o desempenho do ECM1 MKII, com grande à-vontade, sem colorir nada mas deixando tudo florir, representou mais um argumento poderoso a favor da excelência deste equipamento.
Finalmente, desta vez, a terceira categoria não inclui rock, mas apenas folk do melhor. Começo pela consagrada Bella Hardy, num conjunto de canções de amor cheias de verdade e de experiência, destiladas da enorme tradição anglo-saxónica. A gravação contém infelizmente alguma reverberação exagerada e o ECM1 MKII não perdoa, devolvendo uma música tão sublime como alguma crueza intencionalmente introduzida na produção. Finalmente, a grande surpresa deste teste, Júlia Reis. A Júlia pertencia à banda Pega Monstro com a sua irmã e também compositora e cantora, a Maria Reis. Desta vez, a Júlia foi sozinha a jogo, compondo e interpretando todas as músicas e o resultado não poderia ter resultado melhor. A verdade que transmite, às vezes magoada, o intimismo e a simplicidade desarmante dos arranjos, da instrumentação e da voz, fazem desta uma gravação, uma autêntica pérola por achar, com canções que ficam connosco e nos fazem sentir e pensar. A gravação não é propriamente audiófila, mas às vezes a música interessa mais do que a audiofilia. A reprodução do ECM1 MKII soube preservar a intimidade do ouvinte com a Júlia, encolhendo-se na transparência e crescendo na musicalidade. As faixas a voz solo são particularmente bonitas e o ECM1 não sabe mentir.

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Conclusão


O ECM1 MKII é um grande equipamento, juntando um DAC de qualidade a um streaming muito estável, fluente e flexível. A utilização é fácil e conveniente e do ponto de vista musical, os DACs gémeos da Cirrus Logic são um êxito. Contras, só talvez o preço, mas temos de considerar que não é um streamer com um DAC de trazer por casa, que só se utiliza se não se tiver outro melhor, este é um verdadeiro DAC audiófilo.
O Caminho do Norte já tinha facetas perigosas e misteriosas, como os Vikings, Fiordes e a Aura Boreal. Agora a Electrocompaniet acrescenta o que faltava, a grande música.


DAC/streamer Electrocompaniet ECM1 MKII
Preço:  4 064,23 €
Distribuidor Smartaudio