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Amplificador integrado LAB 12 Suara MkII

Amplificador integrado LAB 12 Suara MkII

Jorge Gonçalves

27 maio 2025

Um som que não ficaria nada mal no Olimpo


Audições


O Suara foi inserido no meu sistema habitual, formado pelo conjunto de electrónica Inspiration 1.0, da Constellation, tendo como fonte digital o Roon Nucleus Plus, alimentado pela fonte de alimentação Ferrum Hypsos, com o iFi Audio Pro iDSD como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme, sendo o prévio de gira-discos o Nagra CLASSIC Phono. As colunas eram as QUAD ESL 63, e os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber, com o AudioQuest Thunderbird ligado entre o iFi Audio Pro DSD e o prévio da Constellation. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum, à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, sendo o Suara alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A. O Silent Power LAN iPurifier Pro , acompanhado pelo cabo de Ethernet AudioQuest Cinnamon, tomou conta das ligações à Internet. Como é evidente, o Suara substituiu o amplificador de potência Inspiration, recebendo sinal através do prévio do conjunto da Constellation. Tal como faço sempre, e porque sei que as Quad «gostam», utilizei as saídas para colunas com impedância de 8 ohm. Embora tenha comutado diversas vezes entre as posições «Tríodo» e «Ultra-linear» acabei por fazer a maioria das audições com o andar de saída a funcionar neste último modo, embora reconheça que com colunas mais sensíveis que as QUAD outros prefiram o modo «Tríodo». Não foi uma questão de nível de potência, que praticamente não muda de um modo para o outro, foi mais a sensação de maior vivacidade transmitida à música, seguramente como resultado das ESL 63 utilizarem um transformador elevador de tensão na entrada de áudio e em 8 ohm temos uma adaptação de impedâncias quase perfeita desse transformador com o de saída do Suara.

Foto 5 Lab12 Suara

Como é normal em qualquer amplificador a válvulas, depois de ligado há que esperar alguns segundos para o triângulo central de LEDs vermelhos passar a iluminação constante mas não existe relé na saída, trata-se do tempo de espera normal para a alta tensão da placa estabilizar e garantir o pleno funcionamento das válvulas de potência. Fico espantado com o número de vezes em que, em séries dos anos quarenta e cinquenta, alguém liga um rádio e o som aparece de imediato! Podiam ao menos falar com um consultor que soubesse um pouco de tecnologia…
E tenho que reconhecer que foi interessante testar mais um equipamento a válvulas, neste caso saído da «escuderia» de um fabricante grego, país de onde parecem brotar todos os anos novas marcas, pelo menos pelo que consigo ver em Munique - assim de repente consigo recordar nomes tais como Pilium, Metaxas, Chameleon Audio, Ypsilon, Tsakiridis, Signal Projects, Ideon Audio, Diastasis, Soundz, Aries Cerat, Simply Analog Arcadian… Nada mal, para um país não assim tão grande. Nós por cá também vamos fazendo algumas coisa mas há que reconhecer que neste campo os helénicos nos ultrapassam.

E fazem coisas com qualidade, conforme este Suara demonstrou logo de início com Nora Jones em Carnival Town – aquela entrada de piano ali cerca dos 2 min e 10 seg soa bonita, plena de presença e ataque. Um gozo de ouvir pela força e presença do piano e pelo ataque das notas. Só por curiosidade fui ouvir um vídeo que existe no YouTube com o título Norah Jones - Carnival Town (Live From Home 8/20/20 ) e fiquei abismado! Mas o que é que tem uma coisa a ver com a outra? A faixa que menciono do Qobuz está com uma resolução de 16 bits/44,1 kHz e o YouTube tem a resolução que tem (150 kbits/s, no máximo), logo o som sofre com tudo isso. Nem dá para fechar os olhos e tentar esquecer a imagem! Uma vez mais, quem é que tem a coragem de querer demonstrar boa qualidade de interpretação e reprodução através do YouTube!!! Haja juízo… Mas o mais penoso foi ver Norah a tentar fazer sair notas do piano que pura e simplesmente eram dissonantes, sem graça. O trabalho de estúdio foi excelente e conseguiu fazer maravilhas, mas os problema de algumas das cantora de jazz que apareceram aqui há uns tempos a quererem mostrar que são grandes pianistas tem sido sempre o mesmo: a parte vocal soa bastante bem, agora quer Norah quer Diana Krall são intérpretes de piano relativamente medianas, porquê estragar o resultado final misturando uma coisa com a outra? Felizmente Diana Krall conseguiu dar um passo atrás, diria melhor à frente, quando se juntou com Elvis Costello e os resultados foram imediatos com a saída do primeiro disco saído desta parelha, The Girl in The Other Room.
Passei em seguida a All I Do, de Robert Glasper, onde pude um grave bem bonito e uma melodia agradável de ouvir, mesmo que um nadinha repetitiva. Os sons delicados foram muito bem definidos pelo Suara, o que demonstra que é muito bom a resolver detalhes.

Foto 6 Lab12 Suara

Into My Arms (Live), interpretada por Camille O’Sullivan é uma canção plena de sentimento e onde Camille me faz lembrar um pouco Christine Collister, que tive o privilégio de ouvir ao vivo em casa de Roy Gandy, da Rega, já lá vão para aí 35 anos e de quem o jornal The Times disse que tinha uma “voz que lhe foi entregue pessoalmente por Deus”. A entrada de Camille tem uma profundidade e presença que nos deixam mesmerizados desde as primeiras frases até ficarmos completamente rendidos quando chega a frase que á o título à faixa ilustra toda a sensibilidade, emoção e sentimento que o Suara consegue transmitir à música, ao mesmo tempo que torna a voz de Camille um misto de veludo que joga de maneira perfeita com os diversos instrumentos que a vão acompanhando até se ouvirem os aplausos provenientes do público que se sentia estar em verdadeiro êxtase. Um amplificador que nos consegue revelar tudo isto não é apenas mais um, muito pelo contrário.
Passei então mais para o lado da música clássica, indo buscar alguns discos de vinilo à minha colecção, fundamentalmente porque senti que tinha ali a combinação perfeita para os ouvir. E acabei por ficar por várias horas rodando disco após disco, faixa após faixa, porque ficou mais que provado que estava certo – o Suara estava nas suas sete quintas com a música saída dos discos de vinilo! Destaco aqui apenas um ou dois, para não cansar quem me lê: a obra-prima de Mussorgsky, Quadros de Uma Exposição, com Fritz Reiner a dirigir a Sinfónica de Chicago, apareceu perante mim com uma forte presença, uma imagem espacial enorme em todos os sentidos, luminosa e como uma identificação perfeita das posições dos intérpretes dentro de cada naipe, e texturas belas e majestosas que quase me transportavam para dentro da música. Os intérpretes soavam um uníssono e a música aparecia com toda a paixão, destreza e visão que Reiner transmitia às orquestras que dirigia. E os graves eram quase tremendos, pelo menos em reacção àquilo que as QUAD conseguem reproduzir transmitindo uma sensação de grandeza à gama dinâmica e impacte à sinfonia. Devo, aliás, exarar aqui desde já que o Suara fez sair das QUAS 63 um dos graves mais bonitos que já me foi dado ouvir com uma combinação rara de poder e extensão e a fazer quase cheirar as peles dos tímbales. Destaco aqui também a Sinfonia Fantástica, com Charles Munch como maestro da Sinfónica de Boston. Muito em especial a aproximação melódica feita o Sabath das Bruxas, como um ritmo contagiante, com as cordas a soarem belas sempre que tal deveria ser a sua função, mas também a «morderem, mas nunca com qualquer indício de estridência, sempre que era preciso.

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E volto aqui ao jazz com Big Eater (Album version), dos The Bad Plus onde fui brindado com um som vivo, mexido, com um toque de salsa, de algum modo semelhante a uma outra faixa de que gosto imenso -  Other Saints, de Joe Ellis. O ritmo da América Latina está bem presente, com os músicos, principalmente o pianista, a transmitirem-nos uma sensação de que estão a tocar com verdadeiro gozo, algo que nem sempre acontece. Só para acabar, destaco aqui o maravilhoso solo de bateria de Jorge Rossy em Countodwn, de Brad Mehldau , do disco The Art of the Trio, o qual aparece na sequência de um solo de piano pleno de mestria de Brad. Como é espantoso ouvir uma grande intérprete deste instrumento demonstrar que ele pode tocar quase como uma orquestra! Ou então foi o Suara que fez o papel de complemento musical…


Conclusão



O LAB 12 Suara foi uma surpresa muito agradável. Não gosto de criar expectativas excessivas antes de ouvir os equipamentos e neste caso tinha perante mim um produto e uma marca dos quais sabia muito pouco. E foi muito bom descobrir que o Suara é um grande amplificador a válvulas com calor q.b., dinâmica, timbres praticamente perfeitos, um grave de uma beleza invulgar e uma imagem espacial absolutamente fora deste mundo. Tive a felicidade de o ter no meu sistema por quase dois meses e só vos posso confessar que foi bem gratificante ter podido usufruir desse privilégio.


Amplificador integrado LAB 12 Suara MkII
Preço                 6500 €
Representante   Esotérico