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Streamer/DAC Cambridge CXN100

Streamer/DAC Cambridge CXN100

Miguel Marques

8 abril 2024

Um marcante salto evolutivo


Audições


Disto isto, importante mesmo é como um produto soa e tinha alguma curiosidade em relação a isso dado que uso um MXN10 no dia-a-dia e, em geral, tenho sido sempre um fã dos produtos Cambridge Audio. Acompanhado por umas Monitor Audio Silver 100, um integrado Rotel e um portátil com ficheiros na memoria interna e Foobar por UPNP, (sem upsampling mas com saída de bitrate fixo a 32 bit, o que me tem dado excelentes resultados com os chips ESS) comecei a minha escuta com dois discos de jazz do colectivo Kind Folk - Why Not (2018) e Head Towards the Center (2022). Ambos bem gravados, e com alguns dos músicos de jazz mais promissores que apareceram nos últimos anos, o CXN100 apresentou a musica de forma irrepreensível - bons graves, bom timbre, boa colocação espacial, boa resolução e dinâmica, mais seria difícil de pedir a um streamer deste preço. Fiz ainda uma breve passagem por um disco que gosto muito, I Wish I Knew (FSNT, 1997), do saxofonista Crhis Cheek e que, infelizmente, não foi muito bem gravado - e comprovei uma vez mais uma característica dos produtos da Cambridge: são particularmente simpáticos com discos menos bem gravados, o que me é muito útil, pessoalmente.

Daqui passamos para dois discos do pianista russo Mikhail Pletnev, Tchaikovsky: Seasons (1985) e Grieg - Pieces for Piano (1986). Discos de excelência musical e bem gravados, mostraram-se um bom teste para o CXN100 com música mais subtil e contida - teste que o CXN100 volta a passar com distinção, com muita musicalidade e sensibilidade e bom controlo dos picos dinâmicos (o pianista russo, fiel à sua escola, é bastante incisivo nas suas interpretações).

CXN100 - Foto 4

Para concluir, uma breve passagem pelo rock com Ain’t Life Grand (2000), do colectivo Slash’s Snakepit, formado pelo guitarrista californiano após a sua saída dos Guns’N Roses. Se na sua primeira tentativa (It’s Five O’Clock Somewhere, 1995), as coisas não lhe tinham corrido muito bem, este é um grande disco e muito bem gravado. Aqui a rapidez e energia do CXN100 assentam que nem uma luva - e dá logo vontade de subir o volume e incomodar os vizinhos. Boa também a sensação de espacialidade, aqui mais necessária que nos discos anteriores, assim como os transientes e timbre de todos os instrumentos.

Uma nota final para uma pequena insuficiência que notei no CXN100, e que já notei em mais produtos digitais recentes - tendem a soar particularmente bem com musica gravada mais recentemente, mas por vezes este som mais rápido e directo não se adapta tão bem a gravações antigas e mais analógicas, como um bom disco de jazz da Blue Note nos anos 60. Aqui pedia-se um som mais quente e relaxado - ouvi recentemente o Audiolab 9000n e os pequenos detalhes do circuito de saída em Classe A ajudam imenso nestes discos (embora depois em algumas gravações mais modernas possa soar demasiado arrastado) - é apenas um pormenor, e o CXN100 soa perfeitamente bem com estes discos, mas nota-se um pouco essa ausência de um som mais encorpado e relaxado. Tudo normal, num produto abaixo de 1000 €.

CXN100 - Foto 5

Como curiosidade, fiz uma breve comparação entre o MXN10 e o CXN100 - e sim, o CXN100 soa melhor, mas o salto não será tão grande como muitos pensariam. O CXN100 tem um palco maior e mais resolução e detalhe, mas o MXN10 não lhe fica muito atrás e é um streamer quase imbatível a 500 €. Se precisar de entradas digitais ou de um ecrã, o CXN100 é a escolha óbvia, se não talvez fique satisfeito com o MXN10 - é ouvir e escolher.

A teoria económica diz-nos que o aumento da concorrência leva a mais ganhos para o consumidor e, em geral, é assim que as coisas se passam. Mas toda a regra tem uma excepção e o desaparecimento forçado da AKM do mercado durante três anos levou a que todo o dinheiro e conhecimento intelectual do sector se virassem quase em exclusivo para os chips da ESS, criando assim uma situação muito próxima do monopólio - o que levou a um aumento exponencial da qualidade de som nos produtos que usam os circuitos integrados desta marca. Como a própria Cambridge reconhece, o ESS soa tão bem por si que foi preciso polir muito menos o som, retirando o FPGA e simplificando o circuito de saída - e este som da Sabre é hoje digital no seu melhor, com muita claridade, rapidez, precisão, dinamita e resolução. É um som rápido e imediato, nos antípodas do analógico e das válvulas (mais quente, lento e relaxado) - e que soa particularmente bem com gravações já elas também feitas totalmente em digital. O salto foi tão grande nos últimos anos que levou a que a vantagem sonora que muitas marcas que optavam por produtos custom made no domínio da conversão digital tinham, quase não exista hoje em dia. Seria preciso gastar significativamente mais que os preço deste CXN100 para se ter ganhos sonoros significativos, e eles são cada vez mais diminutos - o que significa que a tecnologia de som digital está finalmente a atingir a sua maturação com os Sabre (e os novos AKM) e que é possível hoje ter um som de grande qualidade a um preço muito acessível, salvando assim orçamento para aplicar em colunas ou amplificadores, onde as diferenças entre os produtos mais baratos e mais caros são muito mais substanciais.

CXN100 - Foto 6

Em jeito de conclusão, a Cambridge Audio terá sido uma das marcas de alta-fidelidade que melhor aproveitou o outsourcing asiático para conseguir apresentar muitos produtos nos últimos anos que combinam excelente qualidade de som e um preço acessível. Na ultima década o CXN V2 dominou o mercado dos streamers em torno dos 1000€ e creio que o mesmo se passara com o MXN10 no mercado dos 500€. Mas para o CXN100 existe agora mais concorrência que em 2015, nomeadamente da EverSolo - que entrou com pompa e circunstância no mercado, com produtos muito interessantes. O CXN100 mantém a excelente qualidade de som a que a Cambridge nos habituou, e é um upgrade significativo em relação ao seu antecessor - a minha única “queixa” será que gostaria de ter visto um pouco mais de inovação como referi acima, pelo menos uma entrada HDMI ARC para um televisor. No entanto, as suas qualidades sonoras e a infalível implementação de software, garantem que o CXN100 se manterá muito relevante neste segmento e a sua audição é obrigatória para todos os que ai buscam um streamer. Recomendado.

Streamer/DAC Cambridge Audio CXN100

Preço             1049 €

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