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Monitor Audio Silver 100

Monitor Audio Silver 100

Miguel Marques

14 março 2024

Uma inebriante combinação de engenharia e musicalidade


A forma mais simples de o fazer é simplesmente tocar muita música - a outra é usar discos próprios para o efeito (a Monitor Audio tem um, apropriadamente intitulado Detox Burn, se for necessário) e deixar umas horas a rodar. Em geral, sou um pouco céptico com o break in (fiz varias experiências falhadas com altifalantes de amplificadores de guitarra), creio que muitas vezes os efeitos que se julgam ter acontecido não são mais que os ouvidos a habituarem-se a um novo altifalante ou algo perto do domínio do placebo psicoacústico. Mas neste caso, o efeito é real e em algumas horas as Monitor Audio suavizaram muito consideravelmente (tinham apenas três a quatro horas de escuta total quando me chegaram às mãos). Fica então o aviso: se ouvir estas Silver numa loja, e se ficar agradado com o som, excepto o brilho, não se preocupe que passa e não será ajuizado deixar de comprar um par por causa disso - ajudará também ter cuidado com o restante equipamento para que não enfatize os agudos. E ajudará também bastante ouvir estas monitoras numa posição totalmente plana, ou seja, sem nenhuma inclinação - a resposta dos agudos é bastante mais forte on axis que off axis. Se ainda assim não chegar, colocar as grelhas também reduz os agudos, embora as colunas não fiquem tão bonitas - ou até mesmo gerir a altura ou das colunas ou da posição de escuta. No meu caso, um pouco de break in e a audição off axis funcionaram de maravilha.

Foto 2 MA_Silver_100

Regressando aos quatro discos de piano, já com as colunas devidamente “aquecidas” e colocadas, as Silver 100 tinham então um brilho natural e muito agradável - que aumenta a sensação de detalhe, resolução e palco. Continuam a ser colunas bastante abertas (muito mais, por exemplo, que as Focal Theva que analisei recentemente) e isso faz parte da sua natureza, mas, depois de rodadas, sem qualquer tipo de agressividade. Com os graves mais impressionantes que já ouvi numas monitoras deste preço (ou, se calhar, mesmo a qualquer preço) e uma excelente integração das diferentes regiões de frequências, as Silver soam muito coesas e nunca se embrulham ou perdem clareza ou definição, o que é fundamental em trios de jazz.

Foto 3_MA_Silver_100

Segui então a minha escuta com a Orquestra Filarmónica de Praga e os seus discos dedicados à música dos filmes da saga Harry Potter (música de John Williams, Patrick Doyle e Nicholas Hooper) e aos filmes da Saga O Senhor dos Anéis e O Hobbit (música de Howard Shore). Excelente música para testar dinâmicas, as Silver responderam na perfeição às constantes alterações de volume e intensidade que esta música contém, e surpreenderam ao adaptarem-se tão bem quando passaram do mundo do jazz para o da clássica. O palco é curioso, porque soa grande e imersivo (como uma orquestra pede) e dá a sensação de que as colunas “desaparecem”, o objectivo que tantos audiófilos têm no seu sistema. Neste ponto mostram uma adaptabilidade rara, que tinha ouvido nos sistemas mais caros (Platinum) da Monitor Audio, mas que não sabia que era possível aplicar a colunas nesta gama - soam grandes em discos que assim o requerem, como este, mas pequenas e contidas com discos mais intimistas, como os discos de jazz acima mencionadas. É até a critica mais comum que faço a sistemas high-end, a incapacidade de respeitarem a escala - quando oiço uma guitarra e uma voz com a mesma massa sonora que uma orquestra, fico logo de pé atrás… Ver esta característica camaleónica nas Silver foi uma muito agradável e inesperada surpresa. Para concluir estes discos, de salientar mais uma vez os graves que um altifalante de 8 polegadas consegue reproduzir e que se notam particularmente nos temas mais bélicos de O Senhor dos Anéis.

Para terminar, dediquei-me ao grupo formado pelo guitarrista Slash após a sua saída dos Guns N Roses, os Slash’s Snakepit, curioso para saber como se comportavam as Silver no mundo do rock. Os dois discos editados, It’s Five O’Clock Somewhere (1995) e Ain’t Life Grand (2000), marcam o regresso de Slash ao seu hard rock puro e duro de Appetite for Destruction, agora liberto dos complexos de Axl Rose em imitar Elton John (basta ouvir os Use Your Illusion). Ambos bem gravados, foram uma oportunidade para ouvir o lado musical e divertido das Silver - e, mais uma vez, os excelentes graves, muito evidentes nos bombos da bateria.

Foto 5_MA_Silver_100

Nestes textos tento sempre ao máximo, mais do que transpor as minhas preferenciais pessoais, explicar as características de um produto e tentar dar a entender quem pode ou não gostar de desfrutar do mesmo. Os meus gostos serão certamente diferentes do leitor e um produto que não me diga muito pode ser uma excelente escolha para outra pessoa… Dito isto, gostei muito das Silver - diria até serem, até hoje, as minhas monitoras preferidas em volta dos 1 000 €. Quando digo isto, não digo que são as melhores - não só porque não experimentei todas mas também porque não acredito que se possa objectivamente designar umas colunas como “as melhores” - existe sempre muita subjectividade nestas análises. Mas foram as colunas deste preço (a até de outros) mais fiéis à música (transparentes e reveladoras seriam bons adjectivos), com mais e melhores graves, com perfeita coesão e integração de frequências e com uma sensação de palco perfeita, que se adapta sem quaisquer dificuldades aos discos (uma orquestra soa «grande», mas um trio de jazz soa «pequeno», como deve ser). Apesar de toda este competência técnica, não soam frias ou pouco musicais, como umas monitoras de estúdios - são colunas divertidas e musicais que dão vontade de ouvir mais e mais música (e é esse o objectivo, convém não esquecer). Esse combinação, entre engenharia e musicalidade, é rara e é talvez o maior elogio que se pode fazer a estas Silver 100 (que eu suponho que se estenda a toda a gama, embora alguns dos modelos não tenham woofers de 8 polegadas, e isso deva influenciar o resultado final).

Foto 6_MA_Silver_100

É portanto, para mim, obrigatório dar um salto à Delaudio e ouvir estas Silver (de preferência com os cabos In-Akustik, também eles muito recomendados). Ouvirá não só umas excelentes monitoras (não esquecer que se soarem agressivas, posso garantir que isso passa com uma dezena de horas de escuta e com posicionamento off axis), como poderá aproveitar e ter um diálogo estimulante sobre alta-fidelidade com Delfin Yañez, o representante da marca. Muito aconselhadas.

Monitor Audio Silver 100

Preço                     1 150 €
Representante       Delaudio

Foto 1_MA_Silver_100