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Leitor de CD/SACD TAD D1000TX

Leitor de CD/SACD TAD D1000TX

Jorge Gonçalves

17 julho 2023

O render dos heróis prateados


Audições

O D1000TX entrou no meu sistema e por lá se manteve durante um tempo bem alargado, o que só me causou satisfação. As companhias consistiam no conjunto de electrónica Inspiration 1.0, da Constellation para a amplificação, tendo como fonte digital o Roon Nucleus Plus com o Pro-Ject Pre Box RS2 Digital como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme. As colunas eram as QUAD ESL63 Pro, e os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum, à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, com o leitor de CDs da TAD a ser alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A. Mais tarde recebi em minha casa o conjunto de electrónica de amplificação da Riviera que esteve no Hi-Fi Show de Lisboa, e que mostrou ser uma combinação de primeira água com o D1000TX.
Embora no site da TAD nada seja dito sobre isso, achei que não faria mal nenhum ligar a saída do Roon Nucleus à entrada USB tipo B do D1000TX e fui premiado com uma bela surpresa – este leitor de CDs cumpre a certificação Roon Tested. A indicação MQA constante no percurso do sinal significa que esta codificação é reconhecida pelo Roon Nucleus e que ele a certifica mas não mais que isso – se o conversor D/A não tiver a capacidade de descodificar o MQA então ele pura e simplesmente ignora tudo o que tenha a ver com o MQA. Aliás, isso estava confirmado pela indicação no mostrador do D1000TX que indicava uma frequência de amostragem de 48 kHz, ou seja, a frequência de amostragem original do ficheiro FLAC e não a do MQA que seria de 192 kHz. Além disso, penso que faça parte das regras do MQA que a descodificação completa do formato seja indicada através de uma luz própria.

Screenshot_20230711-210804_Roon

Mas passemos ao que interessa, que é falar sobre a performance do D1000TX como leitor CD e SACD. Isto embora seja bom destacar desde já que a filosofia do equipamento implica que ele posso funcionar como o centro nevrálgico de um sistema de áudio, necessitando apenas de amplificação de potência e colunas para passarmos a ter um sistema completo, uma vez que as entradas digitais lhe conferem uma grande versatilidade e a compatibilidade com o Roon abre um enorme leque de possibilidades. Portanto, temos aqui um grande leitor de discos físicos, como vamos ver, e, igualmente um leitor de áudio em rede aberto a todas as possibilidades. Muito bem pensado, por parte da TAD.
Uma vez que um leitor de SACD já não é uma coisa tão vulgar hoje em dia, fui buscar um dos meus discos favoritos neste formato, o de Jordi Saval com música peruana, resultado de uma pesquisa profunda sobre a música popular naquele país nos séculos XVII e XVIII. Foi uma maravilha ouvir o que o D1000TX conseguiu retirar de um disco que eu conheço tão bem e de que destaco em especial a faixa 2 – Cachua a voz y bajo Al Nacimiento de Nuestro Señor, com as flautas a soarem frescas e bailantes, e com a percussão nos graves a fazer um acompanhamento que complementava o som daquelas sem lhes retirar nada da sua vida e quase requebro. Bonito e alegre de ouvir e ainda mais festivo e folgazão na faixa El Tupamaro, com um excelente contraste de vozes masculinas e femininas e um ritmo contagiante. O streaming é o que é, e não sou eu que lhe vou retirar a qualidade ou a polivalência, mas ouvir um bom disco prateado e, para além disso, ter nas mãos um livro como aquele que acompanha este SACD é uma experiência de que só os formatos físicos nos permitem usufruir.
E avancei para outro SACD, este um pouco mais «convencional, com a Musica Aquática, de Handel, interpretada pela Orquestra Inglesa de Câmara, dirigida por Johannes Somary. A orquestra é considerada uma das melhores de mundo e o SACD Vanguard Classics tem uma excelente gravação. A imponência das entradas de metais de sons mais graves é algo que não é fácil de reproduzir sem se entrar por excessos de nível de volume e com o D1000TX nada disso foi necessário, pois este leitor é uma mestre na manutenção dos equilíbrios dinâmicos da música, como foi perfeitamente patente aos 3 minutos de reprodução.

Roon Ready

Passei então para os CDs e diverti-me bastante uma vez mais com obras que conheço há algum tempo mas que no leitor da TAD assumiram contornos diferentes. Das muitas audições que fiz destaco Artur Rubinstein a interpretar as Mazurcas de Chopin, um disco duplo que ouvi do princípio ao fim pois Rubinstein era um mestre até hoje inigualável. E a mazurca, por paradoxal que pareça., tem muitas semelhanças com o que mencionei acima relativamente à música peruana tocada pela orquestra de Jordi Saval. Neste caso o único instrumento é um piano mas é muito interessante perceber e mesmo visualizar os passos de dança inerentes ao estilo musical que se destina a ser dançado num salão com as senhoras a escolherem o cavalheiro com quem queriam dançar. O timbre do piano é lindo e as mãos de Rubinstein esvoaçam de uma maneira belíssima sobre o teclado, extraindo frases musicais de grande beleza e, ao mesmo tempo, com um ritmo tão correcto, tão perfeito que nos causa espanto. Juntar dois grandes intérpretes (Rubinstein e o D1000TX, se é que me perdoam a heresia) só podia resultar numa apoteose e foi a isso que me foi dado assistir.

TAD-D1000TX_back

Mas não ouvi só música clássica, embora as menções que fiz até agora possam dar a entender o contrário. E aqui ficam então mais umas notas, desta vez relativas ao Jazz, outro dos meus géneros preferidos. Começo pela audição de mais um CD, embora para fechar me vá debruçar um pouco sobre a performance do D100TX como DAC externo em funções de streaming. E tenho que mencionar a minha audição de Miles and Quincy Live at Montreux, um disco mesmo muito interessante que junta Quincy Jones, Miles Davis e a Gil Evans Orchestra, bem como a George Gruntz Concert Jazz Band. Para o meu gosto, as melhores faixas estão no fim do disco, embora todo ele esteja a um nível muito elevado, como seria de esperar desta combinação de grandes músicos. O jazz orquestral está aqui a um nível bem elevado. Miles soa como ele próprio através das ondas de The Pan Pier e Solea, ambas as faixas oriundas de Sketches of Spain. Destaca-se aqui a força interpretativa de Miles Davis que passa em grande estilo a melodia para Kenny Jarrett. Foi muito agradável mesmo ouvir o som cheio e intenso da orquestra no longo crescendo mais ou menos a meio de Solea, bem como achei que as elevações de tom de Miles Davis tornam esta melodia emocionalmente tocante, principalmente quando ele alterna como Leonard Feather e nos lembramos que Miles faleceu alguma semanas após esta brilhante actuação.

S-TAD

O funcionamento do D1000TX com o Roon Nucleus + não poderia ser mais simples: foi ligá-los através de um cabo USB AudioQuest Dragon, activar o DS1000 do lado do Roon e começar a ouvir música e, uma vez mais, com muito grado. De facto, embora usando apenas o formato original a 44,1 ou 48 kHz, o conversor deste leitor de CDs com entrada digitais funcionou mesmo muito bem, reproduzindo um som muito natural, solto, extenso nos dois extremos da banda audível e com um placo sonoro vasto e luminoso. Destaco aqui uma obra e uma peça de que gosto muito: Small Things, do álbum I Forget Where We Were, de Ben Howard. É uma canção densa, com uma letra que tem muito a ver com os problemas depressivos de Ben que levaram a que pequenas coisas do mundo assumissem uma dimensão extrema. A entrada é muito simples, com acordes harmónicos de guitarra mas extremamente bela, e a voz de Ben quando entra faz um excelente contraponto com essa mesma guitarra, funcionando como que um lamento e ganhando presença e emoção à medida que Ben avança pela canção com a sua voz intensa a conferir um calor e uma premência que poderia realmente resolver se não todos, pelo menos alguns dos problemas do mundo.

D1000TX-s

Conclusão


Quase vinte mil euros poderá parecer (e será certamente para muitos portugueses) muito dinheiro para dar por um leitor de CD/SACD, embora o D1000TX seja bem mais que isso, pois pode substituir perfeitamente três equipamentos num sistema de áudio: um leitor de CD, um conversor D/A e um prévio. Mas estamos perante um dos grandes leitores de discos prateados doo mundo, um dos melhores que já ouvi, e uma peça que ficará anos e anos a tocar no sistema sem dar alguma vez qualquer problema pois tem uma construção impecável. O som ficou já bem descrito atrás, por isso o que resta aos interessados é passar pela Exaudio e fazer uma audição. Duvido que não fiquem totalmente arrebatados com o que ouvirem.


Leitor de CD/SACD/DAC TAD D1000TX
Preço                     19 750 €
Representante       Exaudio