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Tudo sobre a Hi-Res- Parte1

Tudo sobre a Hi-Res- Parte1

Miguel Marques

3 junho 2025

Afinal a alta resolução é mesmo alta ou nem por isso?


E qual é a relação entre as loudness wars e a alta resolução? É simples, quase todas as versões de alta resolução de música comercial que encontramos disponíveis foram remasterizadas recentemente (nos últimos 10 ou 15 anos) e, portanto, sofrem deste problema, sendo muito mais comprimidas que as versões em vinilo ou em CD (em geral, existem excepções a esta “regra”). Um boa forma de medir a gama dinâmica é usar o programa DR Meter no Foobar, que mede o Crest Factor - e quase sempre as versões de alta resolução de que disponho são muito mais comprimidas que um versão «ripada» de um CD original (seguem links em baixo para uma base de dados de DR Meter e para o plugin do Foobar). Também o Roon, muito usado por audiófilos, tem um sistema próprio para medir a gama dinâmica ou Dynamic Range (R128 Loudness), supostamente melhor, e segue também link em baixo.

DR database

Plugin Foobar

DR on Roon

O disco que referi no início deste texto, Grace (Jeff Buckley), é um bom exemplo disso mesmo - a versão em «alta resolução» 24/96, disponível em diversos serviços de streaming, tem um DR de 7, enquanto a versão original de CD tem um DR de 11 (quando comparadas ao mesmo nível de volume, a versão de CD soa significativamente melhor, na minha opinião). Aliás, o CD original deste álbum está tão bem masterizado (Howie Weinberg), que nem sequer se compreende a necessidade de o remasterizar… E existem casos, como os Radiohead, muitos artistas pop contemporâneos ou os acima referidos Californication e Morning Glory, em que só a versão de vinilo tem uma boa gama dinâmica - é aliás minha opinião que o “melhor som” que os amantes do vinilo quase sempre alegam vem apenas de muito melhores masterizações e não de alguma suposta vantagem sonora intrínseca ao formato, para mim inexistente.

Foto 5 Alta resolucao 1

É também justo, a este ponto, referir que o DR Meter tem as suas limitações e não é, em si mesmo, um garante de boa qualidade de som - um disco mal gravado não vai passar a soar bem apenas porque tem uma ampla gama dinâmica - embora seja uma excelente ferramenta de comparação entre masterizações da mesma gravação. E, como os condimentos na comida, demasiada gama dinâmica também não é bom - uma editora famosa pelos seus discos com gama dinâmica exagerada é a Telarc, chegando até a avisar na capa de um desses discos que partes da gravação podem danificar altifalantes por terem picos inesperados de volume (parece absurdo mas é verdade). Já tive a oportunidade de ouvir gravações de música clássica da Telarc e não é uma experiência agradável, apesar da qualidade da gravação - como a música clássica tem saltos dinâmicos muito acentuados, damos por nós a pôr mais alto nas partes mais suaves (porque são inaudíveis) e a corrermos para o remoto quando a música “cresce” para baixar o volume (porque não se aguenta o volume).

Foto 6 Alta Resolucao 1

A compressão, quando usada com bom gosto, cumpre uma função essencial na reprodução de música (aumentar as partes mais baixas e diminuir as partes mais altas, garantindo um volume mais mas consistente sem «matar» as dinâmicas da música) e geralmente um DR entre 10 e 15 é o ideal - aliás, o disco da minha colecção mais bem gravado, Where Are You de Frank Sinatra, na versão Mobile Fidelity, tem um DR de “apenas” 10 e soa maravilhoso.

Foto 7 Alta Resolucao 1

Para além disso, alguns estilos de música são mais dados a um maior uso de compressão - os discos dos Radiohead são bastante comprimidos mas não deixam de soar bem por isso, porque a estética da banda britânica, com uma forte componente da electrónica, combina bem com compressão. Outros bons exemplos, são os discos Black (Metallica), Appetite for Destruction e ambos os Use Your Illusion (Guns N’ Roses), que apesar de mais comprimidos nas versões em alta resolução que nas versões originais, resolvem nestas novas versões alguns dos problemas da gravação original e acabam por soar melhor (subjectivamente, claro).

E, para quem tenha interesse em ouvir música quase sem compressão, eis alguns discos excelentes para o efeito:

a) Jazz: Nights at the Vanguard, Tommy Flanagan (DR18, gravado e masterizado por Rudy Van Gelder no fim dos anos 80), infelizmente não disponível no Qobuz; a versão em alta resolução (24/192) de Etcetera do saxofonoista Wayne Shorter (DR17) e que suponho que seja igual à versão 24/96 disponível no Qobuz; quase todas (mas não todas) as versões que conheço de Way Out West (Sonny Rollins) e Nights of Ballads & Blues (Mccoy Tyner) têm uma DR em volta de 15 ou 16; também a versão em alta resolução do pianista Chick Corea em Now He Sings, Now He Sobs tem um DR de 17; os discos Heart e One Two Three (este último não disponível no Qobuz) do saxofonista Jerome Sabbagh têm um DR de 16, assim como o disco Kind of Brown do baixista Christian McBride; o clássico Jazz at the Pawnshop, não sendo propriamente uma referência a nível musical, tem excelente gama dinâmica (DR=15); os discos Black Codes[/i] e [/i]Majesty of the Blues[/i], do trompetista Wynton Marsalis, com DR15 e DR 16, respectivamente, e Triplicate, do baixista Dave Holland (DR18) são mais algumas boas referências, assim como Sweet Soul de Peter Erskine (DR15), Gerswhin for Lovers de Marcus Roberts (DR15) e Flight to Japan de Duke Jordan (DR17).

Foto 8 Alta Resolucao 1
Foto 9 Alta Resolucao 1
Foto 10 Alta Resolucao 1

b) Erudita: o fantástico disco Debussy & Ravel String Quartets, do Emerson String Quartet, tem um Dynamic Range de 16 e provavelmente todos os discos da Telarc poderiam ser aqui incluídos, assim como muitos outros da Deutsche Grammophon.

Foto 11 Alta Resolucao 1

c) Acústica: o disco Folk Singer (DR16), de Muddy Waters, em alta resolução, e There’s a Time (DR17) de Doug MacLeod, também em alta resolução, da Reference Recordings, são boas referências no mundo mais acústico.

Foto 12 Alta Resolucao 1

d) Rock: Brothers in Arms (DR15), dos Dire Straits, e o disco Crime of the Century (DR16), dos Supertramp, ambos na versão Mobile Fidelity, são boas escolhas para este género.

Foto 13 Alta Resolucao 1


Para além de más masterizações, existem mais razões para preferir a versão original em CD a uma versão em alta resolução? Infelizmente, sim. A mais evidente, quando estamos a falar de transferências de fita analógica para digital, é esta - as fitas estavam em muito melhores condições nos anos 80 ou 90 do que estão hoje ou estavam há dez anos atrás. É aliás comum ouvirmos versões em alta resolução feitas recentemente em que se percebe bem a péssima condição da fita original e seria mais produtivo usar cópias digitais da mesma feitas em DSD nos anos 90 (para quem não saiba, antes de tornar um formato comercial, o DSD foi inventado para preservar as master tapes da Sony ainda em boas condições, o que aliás originou o escândalo recente com os discos de vinilo da Mobile Fidelity).

Foto 14 Alta Resolucao 1

Como prova deste fenómeno, deixo em baixo um link de 2013, onde já aqui se refere o péssimo estado da fita de Kind of Blue, disco sobre o qual falarei outra vez mais à frente. Neste caso específico, CDs em formato AAD dos anos 80 serão quase excelentes «cópias» da fita analógica original, como o vídeo de YouTube em baixo explica muito bem (fica também um link a explicar o código SPARS, que deveria ser obrigatório para lojas online de ficheiros em alta resolução e para serviços de streaming).

Qualidade da fita master de Kind of Blue

CD em formato AAD

Código SPARS

Brevemente - Tudo sobre a Hi-Res-2